Especialista português do Unicef na Ucrânia diz que ataques a escolas têm impacto a longo prazo

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ONU: ataques a escolas em zonas de conflito aumentam 44% num ano

O conflito na Ucrânia tem provocado ataques constantes a infraestruturas civis e educativas, considerados como uma violação ao direito humanitário internacional pelo mais recente relatório da Comissão Internacional Independente de Inquérito, intensificando os desafios para o bem-estar e o desenvolvimento das crianças.

Com larga experiência na área educacional, Nelson Rodrigues, afirma que o impacto profundo do conflito nas crianças e na educação se deve ainda a interrupções constantes às aulas e a ansiedade persistente comprometem o seu desenvolvimento. Nesta entrevista à ONU News, da Ucrânia, ele elogia a resiliência do sistema ucraniano e fala da parceria do Unicef com governo e escolas para aliviar o sofrimento dos alunos.

Apoio do Unicef

“O Unicef trabalhou para reabilitar abrigos. Nós sabemos que as crianças podem ir à escola se tiverem abrigos nas escolas, portanto isso facilita o ensino presencial. Onde isso não é possível, onde apenas a educação a distância é possível devido ao elevado risco de segurança, o Unicef tem distribuído materiais pedagógicos, materiais digitais para poder aceder online à educação.

O conflito começou com a invasão da Rússia à Ucrânia no fim de fevereiro de 2022. Segundo Nelson Rodrigues, “há um risco de vida”, e um “risco a longo prazo”.

Estes ataques impactam também o desempenho escolar, tendo em conta que o ensino presencial acarreta riscos adicionais para as crianças e professores. Mas em locais onde a educação é digital, o desenvolvimento social das crianças é também interrompido. Mesmo assim, os alunos querem retornar às salas de aula.

Chegada do inverno e esforços adicionais

Os recentes ataques dirigidos a infraestruturas elétricas interrompem serviços essenciais das agências. O Unicef também mantém a atenção à saúde mental e apoio psicossocial, contando com brigadas móveis, o apoio de conselheiros e plataformas online para crianças que necessitem de apoio.

O especialista garante que o bem-estar das crianças e o seu desenvolvimento estão no topo das prioridades da agência.

“Temos trabalhado imenso com os professores para que eles sejam capazes de identificar lacunas ou necessidades educativas específicas. Trabalhamos com eles também para que eles possam contextualizar estes programas educativos individuais ao nível da sala de aula, assumindo que existe esta disrupção na atividade educativa, que existe um atraso ou risco de que os alunos não aprendam tudo aquilo que poderiam aprender durante um ano letivo, para que esta parte seja também acelerada e haja o mínimo de disrupção.”

Uma sala de aula em Kiev, Ucrânia, em ruínas após ser atingida por um míssil (arquivo)

Uma sala de aula em Kiev, Ucrânia, em ruínas após ser atingida por um míssil (arquivo)

“Desenhar programas não para utilizadores, mas com utilizadores”

Antes de chegar à Ucrânia, o especialista do Unicef, Nelson Rodrigues trabalhou em inovações no ambiente educacional no Camboja, em Moçambique e na Tanzânia. Para ele, uma das experiências que leva para a Ucrânia é a capacidade de “desenhar programas centrados nos beneficiários e utilizadores”, e que todos os elementos das comunidades, desde “Ministérios aos professores e diretores de escola” devem ser envolvidos.

*Felipe de Carvalho é redator da ONU News. Inês Ricardo é estagiária na ONU News.



Fonte ONU

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