Saúde, alimentação e sociedade: o papel da nutrição consciente no bem-estar coletivo

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O Brasil vive um momento de transição alimentar.

De um lado, cresce o consumo de ultraprocessados, apontado pela Organização Mundial da Saúde como um dos principais fatores para o aumento de obesidade, hipertensão e doenças crônicas. De outro, avança uma cultura de busca por hábitos saudáveis, sustentada pelo aumento da demanda por produtos naturais, integrais e sustentáveis. Esse movimento, além de refletir escolhas individuais, traz impactos profundos para a saúde pública, a economia e o meio ambiente.

Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 57% da população adulta brasileira está acima do peso, e 22% já convivem com obesidade. Esse cenário pressiona o Sistema Único de Saúde, que gasta bilhões anualmente no tratamento de doenças relacionadas à má alimentação. Ao mesmo tempo, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Saudáveis estima que o mercado de produtos naturais e funcionais no país cresce a taxas anuais de 10% a 12%, evidenciando o potencial transformador da alimentação consciente.

A fisioterapeuta e empresária Enidelce Paes Ziolkowski, que atua há 17 anos na área da saúde e empreendeu no segmento de produtos naturais, explica que a mudança de mentalidade já está em curso. “As pessoas estão entendendo que alimentação não é só estética, mas prevenção. Quando você opta por alimentos integrais e naturais, está cuidando da saúde hoje e reduzindo riscos para o futuro. É uma decisão individual que gera impacto coletivo”, avalia.

Esse impacto coletivo se manifesta em várias frentes. No campo econômico, o fortalecimento do mercado de produtos naturais valoriza produtores locais e cria empregos em cadeias curtas de produção. Do ponto de vista ambiental, práticas agrícolas sustentáveis e consumo consciente reduzem a pressão sobre o solo e a emissão de resíduos. Já no âmbito social, a nutrição saudável melhora a qualidade de vida, aumenta a produtividade e reduz os custos com saúde pública.

A experiência de Enidelce mostra como essa integração acontece na prática. Durante anos, sua empresa forneceu alimentação saudável para atletas profissionais e amadores, incluindo o time Red Bull Bragantino. “Quando os atletas incorporam a alimentação consciente, o resultado vai além da performance: eles ganham mais energia, melhor recuperação e menos lesões. Isso é válido para todos, não apenas para o esporte de alto rendimento”, destaca.

Enidelce Paes Ziolkowski

A tendência é que a nutrição consciente avance ainda mais nos próximos anos, impulsionada por três fatores principais: informação acessível, maior fiscalização sobre rótulos e incentivos a práticas agrícolas sustentáveis. Para especialistas, a união entre políticas públicas, setor privado e conscientização social pode transformar a alimentação saudável em um dos maiores aliados da saúde coletiva no Brasil.

O desafio, no entanto, continua sendo a democratização do acesso. Produtos naturais ainda têm custo elevado e concentram-se em regiões urbanas mais desenvolvidas. Ampliar o alcance para populações de baixa renda é essencial para que os benefícios deixem de ser privilégio e se tornem realidade para todos.

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