BC segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos ao Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), definiu nesta quarta-feira (17) que a Selic permanece no patamar de 15% ao ano, posição já aguardada pelos agentes de mercado. Na reunião anterior, nos dias 29 e 30 de julho, o Copom decidiu interromper o ciclo de alta da taxa de juros. Para os membros do colegiado, o ambiente externo se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos. “Consequentemente, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos têm sido afetados, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica”, avaliam.
“Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue apresentando, conforme esperado, certa moderação no crescimento, mas o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação”, destaca o texto emitido após a reunião. No comunicado, os membros do Comitê afirmam que o grupo segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. “O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, projeta o BC. O Copom voltará a se reunir nos dias 4 e 5 de novembro.
Para Gabriel Lago, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, o comunicado deixou claro que não vai ter redução na próxima e também pode sim vir a ter uma alta, caso o cenário tenha uma piora, principalmente na parte de serviços e câmbio. “O Copom pode até voltar a subir juros, e isso mostra que o Banco Central de fato está bem preocupado e bem comprometido em manter a inflação mais baixa por mais tempo. Por conta disso, acredito que a Selic deva ficar em 15% até o final do ano. A gente só teria alguma redução ainda esse ano, se tivesse aí uma mudança muito drástica dos indicadores de mercado na última reunião”, contextualiza.
Eduardo Cairoli, CEO da Privatto Multi Family Office, tem uma opinião parecida. “A manutenção da taxa de 15% afasta a possibilidade de redução na taxa de juros ainda neste ano. A inflação tem se mostrado mais resiliente, principalmente no núcleo de serviços, na qual está muito forte e não está cedendo”, opina. “Com a Selic em 15% ao ano, dificilmente veremos impactos relevantes no câmbio ou na bolsa no curto prazo. Nos próximos meses, a renda fixa segue como opção atrativa para investidores, mas os juros elevados continuam pressionando a atividade econômica, fator que deve permanecer no radar tanto do mercado quanto do Banco Central ao definir os próximos passos da política monetária”, analisa Daniele Bresolin Zuchetto, consultora de investimentos da Unicred Porto Alegre.
FonteAmanhã

