Inovação e produtividade: o papel da qualificação técnica na nova era da indústria brasileira

0
7

A indústria brasileira vive um momento decisivo. À medida que a automação, a digitalização e a sustentabilidade redefinem os modelos de produção, o país enfrenta um desafio crucial: qualificar profissionais para sustentar o avanço tecnológico e garantir a competitividade global. Embora o Brasil seja a nona maior economia industrial do mundo, a produtividade ainda é 40% menor que a média das nações desenvolvidas, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Esse desequilíbrio não está ligado apenas à falta de investimento em tecnologia, mas, sobretudo, à carência de profissionais capacitados para operá-la. A modernização fabril exige técnicos e engenheiros com domínio de automação, sistemas integrados e manutenção inteligente, pilares da chamada Indústria 4.0. Nos últimos anos, programas de transformação digital se expandiram em grandes companhias, mas o ritmo de capacitação ainda é desigual entre regiões e setores.

Para especialistas, o ponto de virada está justamente na valorização da formação técnica e no fortalecimento das lideranças de base. “A tecnologia por si só não transforma a indústria. Quem faz isso são as pessoas que dominam o processo, entendem o equipamento e sabem como aplicar o conhecimento com excelência”, explica Willian Andrey Rosa, técnico mecânico industrial com 14 anos de experiência e atuação em projetos de automação no Brasil e no exterior.

Willian conhece de perto os desafios da produção moderna. Parte de sua trajetória foi dedicada à implementação de sistemas de automação e comunicação industrial, como o sistema alemão ASI, em unidades fabris da Tigre, grupo multinacional de referência no setor plástico. Segundo ele, a inovação precisa caminhar junto com a simplicidade e a disciplina operacional. “Muitos acreditam que inovação é só investir em novas máquinas. Mas, na prática, inovar é entender o que já temos, melhorar processos e preparar equipes para trabalhar com segurança e eficiência”, afirma.

A percepção de Willian reflete uma tendência clara: a manutenção industrial deixou de ser apenas corretiva para se tornar estratégica. Estudos do setor apontam que empresas com rotinas preventivas e digitalizadas chegam a reduzir em até 25% o custo com paradas e ampliam a vida útil dos equipamentos em mais de 30%. “Manutenção inteligente é investimento. Quando a operação é planejada e monitorada, o retorno é imediato, em produtividade, energia e até no clima da equipe”, comenta o especialista.

Outro ponto destacado por Willian é o impacto social da qualificação técnica. Ele defende que as empresas têm papel fundamental em estimular o desenvolvimento profissional de suas equipes, abrindo espaço para novos talentos e investindo em treinamentos. “A capacitação muda a vida das pessoas e fortalece as regiões. Um técnico bem formado gera eficiência, segurança e oportunidades. É assim que o país cresce de forma sólida”, diz.

A análise ganha ainda mais relevância diante da atual agenda econômica, que prevê estímulos à reindustrialização, à economia verde e à modernização de parques fabris. A aposta em tecnologias limpas e em sistemas inteligentes cria um novo campo de oportunidades, mas também de responsabilidade. Segundo projeções da CNI, até 2030 o Brasil precisará de mais de 9 milhões de profissionais qualificados para sustentar o avanço da indústria 4.0 e das energias renováveis.

Nesse contexto, a fala de Willian resume o desafio e o caminho a seguir: “O futuro da indústria não depende apenas de máquinas modernas, mas de pessoas que trabalham com propósito. A inovação acontece quando o conhecimento técnico se encontra com a vontade de fazer bem-feito.”

A combinação entre investimento em tecnologia e valorização da base produtiva é o que pode garantir ao Brasil um protagonismo industrial sustentável. Mais do que máquinas, é o talento humano que move a engrenagem do progresso.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui