Resistência a medicamentos coloca em risco avanços para conter malária

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Resistência a medicamentos coloca em risco avanços para conter malária

A malária causou 600 mil mortes no ano passado e se torna uma ameaça ainda maior na medida em que o parasita causador da doença está se tornando resistente aos medicamentos usados no tratamento.

Relatório mundial sobre malária, divulgado nesta quinta-feira pela Organização Mundial da Saúde, OMS, revela que oito países relataram resistência confirmada ou suspeita a medicamentos antimaláricos, incluindo à artemisinina, um tratamento recomendado pela agência.

Fatores que causam a resistência

Dos 280 milhões de casos de malária registrados em 2024, cerca de 95% ocorreram na África, a maioria em apenas 11 países.

A resistência surge quando mutações genéticas no agente causador da doença, o Plasmodium, permitem que ele sobreviva à exposição a medicamentos antimaláricos. Com o tempo, esses parasitas menos suscetíveis ganham uma vantagem de sobrevivência e podem se tornar dominantes.

Para alguns medicamentos, uma única mutação é suficiente para conferir resistência de alto nível. Para outros, várias alterações genéticas independentes são necessárias. A probabilidade de que parasitas resistentes surjam e persistam depende de fatores biológicos, ambientais e da intensidade da transmissão.

O relatório recomenda que os países evitem a dependência excessiva de um único medicamento e reforcem os sistemas de vigilância da saúde.

 Um menino testa positivo para malária no leste de Camarões (arquivo)

Um menino testa positivo para malária no leste de Camarões (arquivo)

“Os sinais de alerta estão piscando”

No lançamento do relatório, o diretor-executivo da Medicines for Malaria Venture, organização sem fins lucrativos que desenvolve novos medicamentos, disse que “a malária ainda é uma doença evitável e tratável, mas isso pode não durar para sempre”.

Para Martin Fitchet a situação mostra que “os sinais de alerta estão piscando”, com um número crescente de mutações resistentes surgindo no continente africano.

Ele defendeu “investimentos corajosos” na próxima geração de medicamentos e parcerias para prolongar a resiliência e a eficácia dos fármacos atuais.

Subfinanciamento

Outra preocupação é o subfinanciamento da resposta à malária nos países mais afetados, numa região assolada por conflitos, desigualdades climáticas e sistemas de saúde frágeis.

Em 2024, foram investidos cerca de US$ 3,9 bilhões na resposta à doença, menos da metade da meta estabelecida pela OMS.

O relatório destaca que a ajuda oficial ao desenvolvimento proveniente de países ricos caiu cerca de 21%. Os autores afirmam que se os investimentos não aumentarem existe o risco de um ressurgimento massivo e descontrolado da malária.

A publicação da OMS também mostra que as intervenções desde 2000 salvaram cerca de 14 milhões de vidas em todo o mundo no último quarto de século, e 47 países foram certificados como livres da malária.



Fonte ONU

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