Gestão e competitividade: o impacto da saúde financeira das empresas na economia brasileira

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O Brasil convive com um paradoxo: de um lado, pequenas e médias empresas respondem por mais de 90% dos negócios e por cerca de um terço do PIB; de outro, quase metade delas fecha as portas em menos de cinco anos.

A explicação está menos no potencial do mercado e mais na falta de gestão financeira estruturada, que impede negócios promissores de se consolidarem e compromete a competitividade da economia nacional.

O problema é sistêmico. Empresas sem controles claros de fluxo de caixa, endividadas ou sem planejamento estratégico enfrentam dificuldades para sobreviver em um ambiente de juros elevados, carga tributária complexa e margens de lucro apertadas. O resultado é um ciclo de fragilidade que se estende à economia como um todo: negócios que fecham reduzem empregos, arrecadação e capacidade produtiva do país.

Para especialistas, a solução passa pela profissionalização da gestão financeira. “Quando uma empresa organiza seus números e adota uma estratégia consistente, o impacto vai além da sobrevivência. Ela se torna competitiva, cresce e contribui para o fortalecimento da economia como um todo”, afirma Anderson Machado Pereira dos Santos, administrador, contabilista e consultor financeiro com 17 anos de experiência.

Com passagem por bancos como Itaú e Safra, Anderson assessorou centenas de empresas em diferentes portes. Em sua trajetória, acompanhou de perto casos que mostram como a gestão pode transformar resultados. Em uma multinacional sueca instalada em Curitiba, por exemplo, reorganizou as áreas financeira e operacional e, em apenas oito meses, o faturamento dobrou, com aumento de 60% na receita. Para ele, esse tipo de resultado comprova o efeito multiplicador de uma gestão eficiente. “Quando o empresário entende os números, consegue tomar decisões racionais e acelerar o crescimento. Esse reflexo positivo se espalha em toda a cadeia econômica”, explica.

Anderson Machado Pereira dos Santos, administrador, contabilista e consultor financeiro com 17 anos de experiência

A falta de cultura de gestão, porém, ainda é um obstáculo. Muitas empresas encaram a consultoria financeira apenas como um recurso emergencial, quando a situação já é crítica. Nesse ponto, especialistas defendem que a visão precisa mudar: consultoria deve ser preventiva, com o objetivo de dar sustentação ao crescimento, e não apenas uma tentativa de resgatar negócios em crise.

O impacto da profissionalização da gestão não se restringe ao mundo empresarial. Uma economia formada por empresas mais sólidas garante empregos mais estáveis, arrecadação tributária mais previsível e investimentos mais consistentes em inovação. Em um país em busca de maior competitividade global, a saúde financeira das empresas não é apenas um tema corporativo: é questão de desenvolvimento nacional.

Para Anderson, o desafio está em construir essa cultura de forma ampla. “Empresas podem ter produtos fortes, clientes fiéis e mercado favorável, mas sem gestão financeira organizada tudo isso pode se perder. A competitividade do Brasil depende de empresários que compreendam esse ponto e invistam em governança desde cedo”, conclui.

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