Reestruturação financeira e consultorias empresariais o novo eixo da recuperação econômica no Brasil

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A retomada econômica brasileira pós-pandemia vem sendo impulsionada não apenas por políticas públicas e incentivos fiscais, mas também pelo fortalecimento das consultorias financeiras e empresariais. Em um cenário em que 6 em cada 10 empresas de pequeno e médio porte enfrentaram prejuízos entre 2020 e 2023, segundo dados do Sebrae e do IBGE, a busca por diagnóstico técnico, reorganização e gestão eficiente se tornou vital para a sobrevivência e o crescimento de milhares de negócios.

O setor de consultoria empresarial no país movimentou mais de 12 bilhões de reais em 2023, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O crescimento foi puxado principalmente por empresas que buscaram soluções de reestruturação financeira, renegociação de dívidas e revisão de processos administrativos. O número de companhias que contrataram consultores independentes ou escritórios especializados aumentou 37% em relação ao período pré-pandemia.

Esse movimento marca uma mudança de mentalidade na forma como empresários e gestores enxergam a saúde financeira. Antes vista como um departamento restrito à contabilidade, a área financeira hoje é tratada como centro estratégico, essencial para a tomada de decisões e para o planejamento sustentável das organizações.

Para a especialista em finanças e reestruturação empresarial Neila Franco Batista de Oliveira, fundadora da FeB Consulting, o novo papel das consultorias é o de atuar como parceiras de transformação. “As empresas estão entendendo que a consultoria não é um custo adicional, mas um investimento que gera inteligência de gestão. A reestruturação bem-feita não apenas resolve o problema imediato, como também previne crises futuras e melhora a performance das equipes”, analisa.

Neila, que soma mais de 20 anos de experiência no setor financeiro, afirma que o principal erro das empresas brasileiras é postergar o diagnóstico. Segundo ela, a resistência em buscar apoio técnico logo no início dos problemas financeiros faz com que o processo de recuperação se torne mais caro e demorado. “Em muitos casos, quando a consultoria é acionada, o fluxo de caixa já está comprometido e a equipe está desmotivada. A reestruturação passa então por três pilares: reorganização de custos, revisão de processos e resgate da cultura empresarial”, explica.

A consultora cita o caso de uma empresa que estava prestes a declarar falência, com dívidas acumuladas e estrutura desorganizada, e conseguiu retomar o lucro em menos de um ano após a implantação de um plano de reestruturação. O caso ilustra uma tendência observada em todo o país: negócios em crise que encontram na gestão estratégica uma alternativa real à dissolução.

Especialistas em economia apontam que o segmento de consultorias tem desempenhado um papel relevante também na geração de empregos e na inovação. Relatórios do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços mostram que mais de 450 mil profissionais estão formalmente empregados no setor de consultoria empresarial e financeira no Brasil, e esse número cresce em média 7% ao ano.

Outro ponto de destaque é a diversificação das consultorias. Além das grandes empresas que atuam em auditoria e compliance, surgem cada vez mais consultorias independentes e especializadas em nichos, como transportes, engenharia, alimentação e tecnologia. Neila destaca que essa segmentação permite uma análise mais personalizada das realidades empresariais. “O mercado está cada vez mais complexo e dinâmico. Consultorias que compreendem a natureza de cada setor conseguem oferecer soluções mais rápidas e efetivas. A personalização é o futuro da gestão empresarial”, afirma.

A especialista reforça também que a recuperação de empresas passa pelo fator humano. Para ela, a reestruturação não pode ser conduzida apenas sob a ótica dos números. “Não existe saúde financeira sem saúde emocional da equipe. As decisões estratégicas precisam considerar pessoas, cultura e propósito. Quando o gestor entende isso, o resultado é muito mais sólido”, observa.

O crescimento das consultorias no Brasil está diretamente ligado à busca por eficiência, transparência e modernização de processos. À medida que o país enfrenta os desafios de inflação controlada, juros elevados e competitividade global, as empresas que investem em planejamento financeiro e reestruturação mostram maior capacidade de adaptação e sustentabilidade.

O fortalecimento dessas práticas indica uma nova era para o mercado brasileiro: a era da inteligência financeira aplicada. A consultoria, antes acessível apenas a grandes corporações, agora se consolida como ferramenta essencial para empresas de todos os portes. E nesse cenário, profissionais como Neila Franco Batista de Oliveira representam a transição de uma cultura de improviso para uma cultura de estratégia.

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