O aumento dos índices de ansiedade, depressão e dificuldades emocionais entre crianças e adolescentes acendeu um alerta em todo o país. Segundo o Ministério da Saúde, os atendimentos psicológicos infantis na rede pública cresceram mais de 40% nos últimos cinco anos. O dado reflete não apenas o impacto de fatores como pandemia, excesso de estímulos digitais e insegurança familiar, mas também a urgência de políticas públicas que tratem a saúde emocional como prioridade.
Para a psicóloga infantil Bruna Campos Teodoro da Silva, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e educadora parental, o momento exige ação coordenada entre escolas, famílias e Estado. “Cuidar das emoções das crianças é investir no futuro do país. A educação emocional não é um luxo, é uma necessidade que impacta diretamente o desenvolvimento social, a aprendizagem e a cidadania”, afirma.
Com mais de uma década de experiência e reconhecimento acadêmico, Bruna vem se destacando por traduzir a psicologia científica em práticas acessíveis. Em sua trajetória, ela já atendeu milhares de famílias, palestrou em instituições como o Centro Educacional Marcella Araújo (CEMA) e a Escola Firjan SESI, e teve seu livro adotado como estudo de caso por uma universidade brasileira. Sua abordagem prática e humanizada tem inspirado professores e gestores a repensarem a forma como o ambiente escolar lida com as emoções. “A escola é o primeiro espaço de socialização da criança. Quando o professor aprende a olhar para o comportamento com empatia, o aprendizado melhora e o clima escolar muda”, explica.
Os números comprovam a importância desse olhar. Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) mostram que 50% dos transtornos mentais têm início antes dos 14 anos e que a ausência de políticas de saúde mental preventiva pode comprometer o rendimento escolar e o desenvolvimento social de toda uma geração. Ainda segundo o IBGE, mais de 30% dos estudantes brasileiros afirmam sentir ansiedade constante em relação ao desempenho acadêmico, um fenômeno que se intensificou após a pandemia.
Para Bruna, é hora de unir ciência e gestão pública para reverter esse cenário. “O Brasil tem profissionais extremamente qualificados na área da psicologia, mas ainda falta estrutura para ampliar o acesso à saúde emocional. Precisamos de programas que integrem o psicólogo à escola, que formem educadores preparados para lidar com o comportamento infantil e que aproximem as famílias do processo educacional”, defende.

O tema já começa a ganhar espaço nas políticas educacionais. O Programa Saúde na Escola (PSE), do governo federal, incorporou a saúde mental como eixo estratégico, e diversas redes municipais passaram a investir em oficinas de educação emocional. No entanto, os avanços ainda são desiguais entre estados e regiões. “O que precisamos é de continuidade e planejamento. Incluir psicólogos nas escolas não é apenas uma questão pedagógica, é uma estratégia de prevenção social”, analisa Bruna.
O impacto da saúde emocional vai além do bem-estar individual. Pesquisas do Fórum Econômico Mundial indicam que países que investem em educação socioemocional têm níveis mais baixos de evasão escolar, maior produtividade e melhor ambiente social. “A criança que aprende a lidar com as próprias emoções se torna um adulto mais equilibrado, ético e colaborativo. É um investimento que gera retorno para toda a sociedade”, observa.
Bruna também destaca o papel da família nesse processo. Em seu trabalho como educadora parental, ela ajuda pais a fortalecerem o vínculo com os filhos e a desenvolverem uma comunicação mais empática. “A base emocional começa em casa. Quando os pais aprendem a ouvir e acolher, a criança se sente segura para aprender e se expressar. A escola ensina, mas é a família que estrutura”, afirma.
Com uma carreira marcada por prêmios acadêmicos, produção científica e impacto social, Bruna representa uma nova geração de profissionais que enxergam a psicologia infantil como ferramenta de transformação coletiva. Seu propósito é claro: tornar o cuidado emocional acessível e contínuo, dentro e fora das escolas. “O futuro que desejamos começa com crianças emocionalmente saudáveis. E isso só será possível quando ciência e empatia caminharem lado a lado”, conclui.
Em um país em que o tema da saúde mental ainda enfrenta estigmas, a trajetória de profissionais como Bruna Campos mostra que o investimento em educação emocional não é apenas uma pauta de saúde, mas de desenvolvimento nacional.

