Seis em cada 10 motoristas de Uber não querem ter carteira assinada, diz pesquisa

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Seis em cada 10 motoristas de Uber não querem ter carteira assinada, diz pesquisa

ALESSANDRO DA CONCEIÇÃO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Seis em cada dez motoristas da Uber no Brasil não querem ter carteira assinada, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido da empresa. O levantamento ouviu 1.800 profissionais da empresa entre maio e agosto, em todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Os dados mostram que flexibilidade e autonomia são os valores mais importantes para a categoria, que considera o apoio público para a renovação de veículos a principal demanda em uma regulamentação possível. Do total, mesmo mantendo a renda líquida atual, 54% não aceitariam mudar para o regime de contratação pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

O estudo indica ainda que 93% dos motoristas dizem se sentir motivados por causa da liberdade para escolher os dias e horários de forma independente. A autonomia é o principal atrativo, superando os benefícios tradicionais, como FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e 13° salário.

O perfil traçado mostra que 92% dos motoristas são homens, com idade média de 40 anos, e 90% são chefes de família, sustentando, em média, duas pessoas. Para 55%, o aplicativo é a única ou principal fonte de renda, e 69% têm rendimento líquido de até dois salários mínimos. Apesar dos baixos salários, 72% desejam continuar na atividade.

Ainda assim, a informalidade gera insegurança: 49% apontam a manutenção do veículo como principal preocupação, superando o medo de assalto (37%) ou de falta de renda em caso de acidente (36%).

A principal demanda para regulamentação é o auxílio na renovação ou troca de veículos, por meio de financiamento ou incentivos, prioridade para 52%. Em seguida, aparecem a “não intervenção do poder público” (21%) e a criação de previdência específica (17%).

A indefinição jurídica sobre o vínculo gera apreensão para 56% dos motoristas. Se uma decisão judicial impuser carteira assinada a todos, 50% afirmam que buscarão outra atividade autônoma, enquanto 34% tentariam se tornar empregados nas próprias plataformas de transporte.

Para uma regulamentação equilibrada, os motoristas destacam três pontos principais: considerar 75% da receita como custo operacional (concordância de 83%) para cobrar impostos, limitar a conexão diária a 12 horas (aceitação de 76%) e obrigar as plataformas a facilitar a inclusão no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) com (76% de aprovação).

REGULAMENTAÇÃO DA CATEGORIA ESTÁ NO STF

O STF (Supremo Tribunal Federal) começou a debater o processo sobre a uberização do trabalho. A ação trata de um motorista que recorreu à Justiça do Trabalho para o reconhecimento de vínculo de emprego com a Uber nos anos de 2018 e 2019. Ele ganhou nas duas instâncias da Justiça do Trabalho.

Como resultado, ganhou o direito à carteira assinada, com pagamento de 13º, FGTS e multa pelo fim do contrato. A Uber recorreu contra a decisão no STF. A empresa defende que a natureza jurídica do trabalho dos motoristas não se enquadra na CLT, por não haver relação de subordinação e sob o argumento de que o profissional escolhe a hora que trabalha.

O aplicativo também diz que a ausência de vínculo entre empresa e motoristas reforça a liberdade econômica nas relações trabalhistas no país. O processo em discussão no Supremo, por ter repercussão geral, deve impactar ainda outros trabalhos que envolvem aplicativos, como iFood e 99Taxi.



Fonte Jornal de Brasília

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