Sobreviventes de tornado se esconderam sob mesa e agarraram galho no Paraná

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Sobreviventes de tornado se esconderam sob mesa e agarraram galho no Paraná

LUIZ CARLOS DA CRUZ

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RIO BONITO DO IGUAÇU, PR (FOLHAPRESS)

Agarrar-se a um galho ou ficar debaixo da mesa de jantar foram algumas das estratégias de moradores nos momentos de desespero durante o tornado que devastou a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, na sexta-feira (7). Pedaços de construção voaram pelas casas, atingindo outros imóveis, durante a tempestade severa que deixou oito mortos na região Sul.

O servidor público Leandro Guilmam, 45, conta que foi surpreendido por uma caixa d’água gigante que ainda não sabe de onde veio, já que não pertencia a nenhum vizinho. “Eu e minha família nos acolhemos embaixo da mesa. É uma coisa sem explicação, mas é milagre de Deus estarmos vivos”, afirma.

A aposentada Tereza Bittu, 88, diz que um fogão salvou sua vida. A parede da casa desabou em sua direção, mas o eletrodoméstico, que estava em um local mais elevado, serviu como proteção. O fogão foi empurrado e parou próximo a ela, que se escondeu embaixo de uma mesa.

Socorrida por um vizinho, com apoio de policiais, foi levada a um hospital de Laranjeiras. O olho roxo e as marcas pelo corpo mostram o impacto dos objetos arremessados contra ela. “Eu acho que escapei foi pelo amor de Deus”, resume.

Tereza está na casa de uma filha em Laranjeiras do Sul e retornou a Rio Bonito do Iguaçu para rever sua casa. O pouco que restou precisará ser demolido.

O mecânico José Nildo Nascimento relatou que estava na rua, retornando para casa, quando o tornado atingiu a cidade. Segundo ele, uma árvore caiu muito perto e o tronco ficou levemente elevado.

Para não ser carregado pelo vento, ele se agarrou ao tronco, mesmo ciente do risco. “Era perigoso [ficar agarrado], mas foi o que eu fiz naquela hora”, relata. O tornado destruiu por completo a casa dele.

ACOLHIDA DE AMIGOS E PARENTES

A solidariedade tem unido a população da cidade. A comerciante Adelita Moretti teve a casa parcialmente destruída e acolheu o sogro, de 94 anos, além de um cunhado e uma cunhada que perderam tudo. Sua residência foi uma das primeiras a ter a energia elétrica restabelecida.

Com isso, ela passou a emprestar o espaço para moradores carregarem celular, tomarem banho e até se alimentarem.

Dois carros dela foram destruídos pelo tornado. “Temos dois carros detonados, mas isso aí não é nada. Deus vai dar em dobro”, diz.

A aposentada Clarita Aparecida Carvalho abriu as portas de sua casa em Campo do Bugre, comunidade próxima à cidade, para acolher o irmão e o cunhado, que ficaram desabrigados. Ela afirma que pode receber mais pessoas que precisem de abrigo temporário.

“A gente tem pouco, mas o pouco que tem, divide com os outros”, diz. O cunhado, Claudino Risse, foi um dos sete mortos durante o tornado.

A localidade de Campo do Bugre não foi atingida com a mesma intensidade. Poucas casas foram destelhadas. Na manhã desta terça (11), a aposentada Albarina Dalmagro estava na casa da sobrinha, Cris Daiane Dahmer, para onde levou os móveis que conseguiu salvar. “Estou com minhas coisas aqui, a gente não sabe o que vai dar para aproveitar”, afirma.

A maioria das pessoas desalojadas está hospedada em casas de parentes ou amigos em cidades próximas a Rio Bonito do Iguaçu.

Alex Sandro Moretti, dono de uma funerária na cidade, foi responsável por levar ao cemitério quatro vítimas no último domingo (9). Mesmo acostumado ao trabalho, diz que foi impossível controlar a emoção.

“A gente tem que tentar manter postura de profissional, mas eu confesso que foi muito difícil. Não consegui segurar, acabei desabando junto com a família, chorando junto, porque é algo que a gente jamais espera acontecer”, diz.

O tornado no Paraná deixou sete mortos. Houve uma vítima no Rio Grande do Sul. Uma das preocupações dos moradores e autoridades é a previsão de chuvas a partir desta quarta-feira (12), o que pode atrasar os trabalhos de reconstrução da cidade.

De acordo com o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), a previsão é de chuva localizada e de curta duração.



Fonte Jornal de Brasília

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